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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Serj Tankian: "planejo continuar a fazer música sozinho"

Vince Neilstein, do site MetalSucks, conduziu recentemente uma entrevista com SERJ TANKIAN, vocalista do SYSTEM OF A DOWN que atualmente investe na carreira solo, enquanto a banda permanece em hiato. Confira abaixo trechos da conversa, na qual TANKIAN discute seu próximo álbum, “Imperfect Harmonies”, as diferenças entre o projeto solo e o trabalho com seu antigo grupo e como foi trabalhar com uma orquestra e 25 músicos extras no novo disco.

Então você tem um novo disco (“Imperfect Harmonies”) com lançamento marcado para setembro. No sentido mais geral possível, o que você pode nos dizer a respeito?

TANKIAN: “É um fonógrafo, originalmente criado por Edison [risos]. Não. Bem, vejamos. É um tipo de som completamente diferente do que as pessoas conhecem de mim. Digamos que é porque eu estive trabalhando em muitos diferentes tipos de gêneros de música, minhas próprias coisas, para muitos diferentes propósitos – videogames, filmes e o musical em que estou trabalhando. Eu sou conhecido por causa do rock, então é uma pequena variação disso. Não importa realmente o que eu digo ou o que penso, você tem que ouvir. É meio que uma daquelas coisas. É um disco com múltiplas camadas, com muita coisa acontecendo, e é muito profundo em termos de camadas da música foneticamente e coisas assim, sem perder a modéstia.”

Você mencionou que as pessoas esperam e conhecem você mais pelo rock. Como isso afeta a sua abordagem ao escrever algo como um álbum solo ou uma trilha de filme?

TANKIAN: “Não afeta em nada o jeito como eu abordo a composição. Eu escrevo o que quer que venha a mim, e escrevo independentemente de ter um projeto ou não. Eu escrevo com diferentes inspirações que vêm a mim em diferentes cores e gêneros e etc. O único momento em que lido com expectativas ou com aquilo pelo que sou conhecido ou qualquer coisa assim é quando estou falando com a imprensa a respeito do material.”

Isso é algo que difere quando você trabalha em um projeto solo, em comparação ao seu trabalho com o SYSTEM OF A DOWN? Você consegue ter maior participação e envolvimento no marketing e toda essa parte com o seu material solo?

TANKIAN: “Yeah, apenas baseado no jeito como tudo é estruturado com o meu próprio projeto solo. Ele vai pela Serjical Strike [Records, o selo de TANKIAN], e isso me permite muito mais flexibilidade em relação ao lado dos negócios do que passar pelas Sony com o System Of a Down, que me concede menos flexibilidade como uma pessoa de negócios. Entende o que quero dizer?”

(...)

Certo. Eu definitivamente tive essa impressão. Eu assisti ao vídeo com as letras que você lançou de “Borders Are” e ouvi as letras, e as li e definitivamente tive a impressão de que aquilo era algo com a sua participação direta, ao invés de alguma pessoa da gravadora que simplesmente amarrou um vídeo.

TANKIAN: “Engraçado, porque eu não tive absolutamente nada a ver com o vídeo das letras.”

Sério?

TANKIAN: “Aquilo teve muito a ver com o George [Tonikian], que trabalha comigo. Ele me ajuda a administrar a Serjical Strike. Eu estava em turnê, e ele não queria me incomodar, então criou o conceito baseado no vídeo e seguiu a partir daí. Eu dou a ele todo o crédito por ter feito isso.”
Uau. Fui corrigido, então. Ele fez um bom trabalho.

TANKIAN: [Risos] Ele fez. Ele fez um grande trabalho, mas da próxima vez ele deveria checar comigo, porque eu teria feito alguns ajustes [risos]. Ah, aí vamos nós.

TANKIAN: “Perfeccionista, não, só a minha parte perfeccionista.”

Ele não está bem aí ao seu lado, está?

TANKIAN: “Ele estava [risos]. Eu estava só sacaneando o cara.”

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Sobre a canção que nós postamos no nosso site. A última fronteira a desaparecer foi a fronteira entre EUA e México, e algumas pessoas comentaram que isso talvez fosse um comentário a respeito. Isso foi específico em relação a essa questão em particular ou é apenas uma questão de preocupação geral, mundial?

TANKIAN: “Legal, obrigado. Eu também leio esses blogs. É incrível como o vídeo fez as pessoas pensarem e questionarem. Foi muito efetivo em relação ao que queríamos alcançar ao lançarmos 'Borders Are' primeiro como uma canção. 'Borders Are' na verdade não é o nosso primeiro single, mas nós queríamos lançá-la em primeiro lugar como uma mensagem sobre muitas coisas que estão acontecendo agora, seja a flotilha em Gaza ou a questão do Arizona com a imigração ou o naufrágio do navio sul-coreano. Existem conflitos de fronteira acontecendo todos os dias, e havia uma declaração a ser feita sobre fronteiras que era muito oportuna e necessária, em nossa opinião. A última fronteira a desaparecer... eu não vou dizer qual é a intenção por trás disso porque isso mataria todo o processo de as pessoas pensarem a respeito, mas definitivamente houve um impacto.”

Sim, eu definitivamente acho que houve. Uma das coisas específicas que eu gostaria de perguntar tem relação com esse assunto, e é que você sempre deixou bem claras as suas posições políticas na sua música. Isso é algo que as pessoas consideram muito controverso. Alguns acham que política e música deveriam permanecer separados, enquanto outros argumentam que as duas coisas absolutamente não deveriam ser serparadas. Você leva em conta tais críticas ou você simplesmente não liga mesmo e escreve o que sente?

TANKIAN: “Essas mesmas pessoas não misturam pasta de amendoim com chocolate, imagino eu.”

Elas estão perdendo.

TANKIAN: [Risos] "Elas estão perdendo totalmente. É uma questão engraçada, e poderia ser controversa em certas situações. Muitas pessoas me perguntam, ‘Você acha que é responsabilidade de um artista falar de questões políticas ou sociais?’ E eu sempre respondo que não. Eu penso que a responsabilidade de um artista é ser honesto com suas próprias inspirações. Algumas pessoas são inspiradas por histórias pessoais, algumas pessoas são inspiradas pelo amor ou corações partidos. Eu sou inspirado por tudo. Eu tenho um enorme reino dinâmico de inspiração, e, para mim, geopolítica sempre foi meio que um hobby. Eu leio a respeito diariamente. Eu leio a respeito exatamente como leio a respeito de e-mails de negócios e coisas assim. Eu leio a respeito do que está acontecendo no mundo. Eu desenvolvi um entendimento decente de geopolítica ao longo dos anos."

"É algo sobre o qual eu não posso deixar de comentar. É algo em que eu febrilmente acredito, até onde vão minhas crenças relativas a política. Eu não gosto de hipocrisia. Eu não gosto de injustiça. Quando eu vejo tais coisas, eu tenho que falar a respeito. Isso não quer dizer que eu não possa escrever uma canção de amor. Não significa que eu não possa escrever uma canção divertida. Não significa que eu não possa escrever uma canção mais filosófica, ambígua, que faça as pessoas pensarem. Eu faço tudo isso. Eu não ligo de gastar meu dinheiro com o que estou pensando porque um monte de artistas está com medo de fazer isso por causa da reação e opinião do público. Eu não estou me elegendo a nada, porra. Se você não gosta do que estou dizendo, não compre a porra do meu CD. Estou pouco me fodendo, e sempre foi assim com o System Of a Down e com o meu material solo, e é isso.”

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Falando a respeito da música, em oposição às letras, há uma diferença na sua abordagem sobre esse disco, em relação a “Elect the Dead” [primeiro álbum solo de Serj, de 2007], ou é uma continuação do mesmo direcionamento musical?

TANKIAN: “É uma abordagem bastante diferente. 'Elect the Dead' foi eu fazendo um disco de rock sem uma banda de rock. Em retrospecto, meu primeiro disco acabou sendo um disco de rock, que é algo pelo qual sou reconhecido, o gênero do rock. Nesse agora, as canções originais eu escrevi da mesma forma. Eu sempre escrevo canções... se eu sentar ao piano, eu escrevo a canção com piano e os vocais. Se eu sento com um violão, eu vou escrever a canção desse jeito. As canções são escritas de um jeito clássico do mesmo jeito que foram no 'Elect the Dead', mas o jeito pelo qual eu arranjei a instrumentação foi completamente diferente.

TANKIAN: “No 'Elect the Dead', eu simplesmente comecei com uma faixa e então adicionei um número de faixas até que estava pronto. Com esse agora, eu meio que joguei tudo na parede e comecei a arrancar coisas que não faziam sentido.Foi mais um tipo diferente de pintura. A razão pela qual fiz isso foi que eu estava realmente interessado em fundir um número de diferentes influências nas quais eu não toquei musicalmente com 'Elect the Dead'. Uma foi a eletrônica – batidas e samples e coisas do tipo. A outra foi a orquestra. Nós conseguimos uma orquestra que eu fiz. Eu fiz um show com a Orquestra Filarmônica de Auckland e lançamos esse DVD há quadro meses ou coisa assim. Então eu tinha várias dessas canções orquestrais, eu tinhas essas canções eletônicas/rock e eu queria mesclar o som e criar esse som que meio que perfeitamente juntasse tudo. Esse tornou-se o desafio e conclusão, tudo ao mesmo tempo. Foi um processo realmente interessante. Eram muitas faixas. Eram de 150 a 200 faixas por sessão, por canção.”

Como você aborda um show ao vivo como artista solo em relação ao que você faria se fosse com o SYSTEM OF A DOWN?

TANKIAN: “Bem, essa é uma boa pergunta. Com o SYSTEM, eu acho que nós simplesmente ensaiávamos o material. Era tudo muito orientado para a situação ao vivo, então nós ensaiávamos tudo do jeito que queríamos – a mesma coisa com as gravações. Nós ensaiávamos tudo até que tínhamos tudo certo, e então íamos e gravávamos do jeito que tínhamos ensaiado. Como um artista solo, eu não gravo assim, obviamente. Eu faço faixa por faixa, e, faço sozinho, então é uma abordagem diferente.”

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"Nesse caso, por exemplo, eu vou ensaiar com a banda as novas canções que eles não conhecem. Eles já conhecem o material de 'Elect the Dead' que nós vamos pincelar, mas nós também estamos tocando com oito músicos extras para a turnê europeia, e então uma companhia completa para a turnê norte-americana. É um processo completamente diferente. Eu tenho que me certificar que as partituras estejam corretas. Eu tenho que me certificar que o condutor está afinado com o meu baterista de forma que eles estejam todos no mesmo tempo. Há muitas questões técnicas envolvidas no processo para garantir que os dois conjuntos estejam se comunicando e que todo mundo esteja tocando junto corretamente. Eu tenho que garantir que as partituras estejam corretas, então eu preciso testá-las nos ensaios trazendo gente e checando com músicos extras, ou testá-las ao vivo na estrada com a orquestra, o que acabamos de fazer na Europa. É muito mais, sabe, é muito mais. [Risos] É mais trabalho.”

Isso é, talvez, mais agradável para você do que sair e fazer outra turnê com o System Of a Down – algo que você já fez muitas e muitas vezes?

TANKIAN: “Eu acho que tudo é agradável. Você não pode comparar um ao outro.Eu gosto de fazer muitas, muitas coisas diferentes. Se nós fizermos algo no futuro, será interessnte fazer coisas com o SYSTEM simplesmente como mais um projeto, porque eu tenho um monte de coisas acontecendo e seria legal adicionar isso. É uma ‘vibe’ diferente sair com uma banda que você teve por 12 anos, totalmente detonando e enlouquecendo no palco, é uma ‘vibe’ diferente de tocar com a F.C.C. [Flying Cunts of Chaos, a banda que acompanha Serj ao vivo], que é uma ‘vibe’ diferente de tocar com a F.C.C. mais a orquestra. Recentemente eu fiz um shown no MOCA [o museu de arte contemporânea de Los Angeles] na abertura da exibição do [pintor armênio naturalizado americano] Arshile Gorky com vários amigos músicos. Nós tínhamos um DJ, um tocador de ud [instrumento de cordas comum na música do Oriente Médio], um percussionista, um pianista e um violinista. Esse foi um mshow diferente, incrível, único, que eu fiz. Novamente, eu estava excitado em fazê-lo. É melhor que tocar com uma orquestra? É melhor que tocar com o SYSTEM? É tudo apenas diferente. Todas as formas juntas é melhor.

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Certo, certo. Eu não quis dizer no sentido do show ao vivo. [Por exemplo,] Se você se comprometer a fazer um álbum do SYSTEM OF A DOWN só por causa do legado da banda, e o nível a que vocês a elevaram no último álbum, sendo headliners no OzzFest e tudo isso. Isso seria um grande compromisso, de dois ou três anos de turnê. Já se você estiver decidindo tudo sozinho, talvez não seja algo tão extenso.

TANKIAN: “Certo, definitivamente.”

Quando você estava planejando este novo álbum, houve algum momento em que você pensou em juntar-se aos caras do SYSTEM e fazer algo ou o plano sempre foi lançar esse álbum tão pouco tempo após seu último disco solo e o álbum sinfônico?

TANKIAN: “Não tenho certeza se entendi. O novo álbum não tem nada a ver com os caras do SYSTEM.”

Seu plano sempre foi...

TANKIAN: “Meu plano é continuar a fazer música sozinho e fazendo o que quer que eu faça de vários jeitos – não apenas música, mas coisas diferentes. Eu estou lançando um segundo livro de poesia. Isso é o que eu faço. Eu faço arte.Eu faço música de uma forma ou de outra, e eu vou fazê-la com diferentes pessoas, e farer, na maior parte, sozinho também. Não sei se isso responde à sua questão. .

Sim, responde. O que você pode falar a respeito do livro de poesias?

TANKIAN: “Eu estou lançando um segundo livro, o sucessor de “Cool Gardens”, que eu lancei há´oito anos. É uma colaboração com um bom amigo meu, Roger Kupelian. Roger é o grande pintor digital que trabalhou para a Weta [a companhia do diretor Peter Jackson na Nova Zelândia] em todos os três filmes do “Senhor dos Anéis”, assim como vários ótimos filmes de Hollywood. Ele é uim artista fenomenal. Então será um livro de poesias para a mesa do café belo, visual, que lançaremos esse ano.”

“Então isso está sendo finalizado, e há um bando de outros projetos. O musical vai estrear em março do ano que vem no American Repertory Theater – “Prometheus Bound” [tragédia grega clássica tradicionalmente atribuída a Ésquilo], com Steven Sater e Diane Paulus. Eu tenho minha primeira sinfonia, que estou terminando. Eu já completei dois de três atos. Eu tenho um projeto de museu em mente, e uma idéia de um livro de não-ficção, e algumas outras idéias musicais em mente, no sentido de discos mais para a frente. Eu acho que o meu próximo pode ser um disco de jazz instrumental, ou algo simples, acústico, tipo um disco só comigo e um violão

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